
Ainda me lembro das bonecas de veludo que papai trazia de Frankfurt. Com meias desenhadas com imagens sexuais do extremo oriente...e polainas feitas pelas lésbicas cegas do Alabama.
E papai carregava triste os sapatos cor de ocre, estilizados por anciãs ciamesas e hermafroditas de Caraguatatuba.
Mamãe as recebia à piscar com solenidade. Mas, sonhava com a imagem bizarra e repetitiva da ovelha clonada em altos montes verdejantes do extremo sul de Madagascar.
Me lembro também do pestanejar Húngaro que papai reclamava enquanto espancava mamãe à presentes e vovó a se balançar e babar e a soltar rojões de flatulência mórbida que carregava durante anos em sua cadeira feita por índias manetas do extremo leste da costa do vento norte e trovejante do Oiapoque.
Agora, eu, vivo só, em compania de minhas bonecas européias, porém vestida com trapos feitos pelas minhas mãos já duras pelo sal do ocidente.
E vivo aqui, na roça postana com minha vaca profana e seu ruminar incessante. Brotando em bosta seus cogumelos recheados com néctar licérgico de açúcar triunfante.
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