quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A volta ao mundo em algures lugares presentes


Ainda me lembro das bonecas de veludo que papai trazia de Frankfurt. Com meias desenhadas com imagens sexuais do extremo oriente...e polainas feitas pelas lésbicas cegas do Alabama.
E papai carregava triste os sapatos cor de ocre, estilizados por anciãs ciamesas e hermafroditas de Caraguatatuba.
Mamãe as recebia à piscar com solenidade. Mas, sonhava com a imagem bizarra e repetitiva da ovelha clonada em altos montes verdejantes do extremo sul de Madagascar.
Me lembro também do pestanejar Húngaro que papai reclamava enquanto espancava mamãe à presentes e vovó a se balançar e babar e a soltar rojões de flatulência mórbida que carregava durante anos em sua cadeira feita por índias manetas do extremo leste da costa do vento norte e trovejante do Oiapoque.
Agora, eu, vivo só, em compania de minhas bonecas européias, porém vestida com trapos feitos pelas minhas mãos já duras pelo sal do ocidente.
E vivo aqui, na roça postana com minha vaca profana e seu ruminar incessante. Brotando em bosta seus cogumelos recheados com néctar licérgico de açúcar triunfante.

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